domingo, 28 de fevereiro de 2010

Eu caibo numa caixa de sabão em pó,

numa cadeira de avião, numa mesa de prova. Eu caibo numa história de amor.
São 22 horas (sem dormir!) e eu caibo em mim.
Olhem para aquele cara fingindo que não gosta de elogios, fingindo que gosta, fingindo que não sabe do quê. Olhem lá como ele inventa uma dor e dez problemas.
Olhem como ele finge que é literatura.

Cristo olha ao redor e vê que os romanos são homens fantasiados, vê que a coroa é de isopor, vê que os pregos são de borracha. É só puxar o braço, ele pensa e se ri dos outros, é só dobrar as pernas e pular para fora daqui, ele pensa e ri sozinho enquanto as forças se vão, enquanto ele morre na cruz.
E essa é a verdade que você não quis ouvir, meu rei, essa é a verdade sobre o masoquismo e sobre o amor, sobre mim e nós e todo mundo.
Olhem como ele finge que é literatura.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010