Sábado passado a gente foi ao lado brasileiro das cataratas e eu escrevi um relato sobre o passeio de bote e tudo o mais, mas a intermitência da internet da Claro não me deixou postar e agora acho que já não faria sentido. De todo modo, cinco dias depois, finalmente viemos para o lado argentino, completando nossa visita ao Iguaçu. Eu diria que os passeios se complementam e que ambos são obrigatórios, mas é impossível não comparar.
Entre outras diferenças, como o trenzinho argentino, muito mais charmoso que os ônibus elétricos brasileiros ("No Brasil, a prioridade é sempre o transporte rodoviário", observou o sujeito no banco da frente), está o tamanho do parque: o de Puerto Iguazu é bem maior que o de Foz e inclui três opções de trilha.
A primeira é o Paseo Superior, certamente menos interessante que a trilha brasileira. As cachoeiras são incríveis e é fantástico vê-las de cima, mas a visão panorâmica que se tem do Brasil é mais impressionante. A segunda trilha, o Circuito Inferior, nos levou para mais perto, e é preciso um pouco de nacionalismo para dizer que esta e a brasileira se equivalem.
E então, tem a Garganta del Diablo.
Se eu tivesse postado meu primeiro relato, vocês saberiam que eu achei que as quedas d'água eram um negócio imensurável, capaz de colocar qualquer coisa em perspectiva. Também saberiam que a coisa que mais me incomodou no parque brasileiro foi a completa ausência de dinossauros (o que é um defeito da maioria dos lugares, na verdade). De um certo modo, foi bom eu não ter conseguido postar ele no dia certo.
Porque a Garganta do Diabo é um tapa na cara.
Ela não coloca as coisas em perspectiva, porque você não poderia medir nada nessa escala. Ela não é nem exatamente bonita, porque a nuvem de água que se levanta faz com que seja difícil ver propriamente qualquer coisa. É um passeio em que se anda muito e, ao final, não se sabe bem o que fazer. Mas é um passeio necessário, nem que seja só para se ter a certeza de que algo dessa magnitude realmente existe no mundo.
Porque as cataratas parecem algo absurdo, impossível, anacrônico. Algo que poderia existir no início de tudo, quando a Terra era nova, mas não hoje. Como disse a Lari: "Aqui é capaz que tenha mesmo dinossauros".
Deve ter.