quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Morte presumida

Depois de 13 anos, tinha já casa, tinha filho. Tinha uma vida lá no Uruguai e a nova esposa não queria muito mais que o básico na mesa, que um carinho depois.

Já a antiga, no Brasil, brigava com a sogra pela casa em Ubatuba.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saudades (22/03/2008)

Ah, que a saudade bate todo dia
De quando usar terno ainda era
Pra dançar, e não rotina
Era 15 anos, aniversário, festa

Ah, que a saudade bate todo dia
Que é porque o tempo vai passando
E claro que a saudade já batia
Mas era só de vez em quando

E até acho que a vida é melhor
Agora do que era antes
Acho que quando se é maior
Já vivemos tantos mais instantes

Que a saudade só pode bater tanto
Por serem tantas as coisas passadas!
E então, temo o dia quando
Viverei de horas idas lamentadas!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O telefone de volta no gancho. A trezentos e setenta e cinco quilômetros, será que ela também chora?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Na verdade,

não teve nada a ver com sexo. Nada a ver com tesão. A gente tinha uns quinze anos, só. Eu estava com ela no parque e a gente ficava conversando penduradas no trepa-trepa, até que ela me provocou com alguma coisa e eu dei um empurrão mais forte e ela caiu no chão. Eu corri pro lado dela e segurei na mão dela e pedi desculpa desculpa desculpa, pelo amor de Deus me desculpa, e ela deu um risinho pra mim e disse que tudo bem e foi então que eu entendi.

Acho que é igual com todo mundo, não sei. É claro que as pessoas querem sexo, mas elas também querem apoiar a cabeça no ombro de alguém, ter uma mão para segurar, ter um corpo pra apertar. Eu também queria, mas até aquele momento eu nunca tinha percebido que era daquele jeito. Achar que alguém gosta de homem ou de mulher ou do que quer que seja por causa de orientação sexual me parece uma ideia absurda desde aquele momento. Então, eu passei as mãos nos seus cabelos pretos e limpei um pouco de terra do rosto dela e fiquei me perguntando o que eu faria pelo resto da minha vida.

Acabou que eu passei uns anos sem saber o que fazer. Ela passou, vieram outras e eu me lembro de mim mesma trancada no meu quarto rindo, chorando, gritando quieta. Um dia, quando eu senti que não dava mais, eu abri a porta do quarto e corri pra sala quase sem respirar e chamei a minha mãe.

Eu sou diferente, eu disse pra ela. Acho que eu nunca vou poder deixar de ser.

Minha mãe me olhou com uma cara que dizia tudo, balançou a cabeça e disse que claro que eu era, que todo mundo sabia, mas que agora ela queria mesmo assistir àquele programa, se eu não me incomodava. Eu voltei pro meu quarto em silêncio e me lembro de ter dormido no chão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ele ainda entra todo dia no perfil dela no orkut. Mesmo depois de todo esse tempo.