domingo, 18 de abril de 2010

Fim.

Eram 18 horas do primeiro sábado e ele estava deitado na cama com os braços e as pernas esticados e afastados do corpo. Desde que acordou, ele estava assim, olhando para o teto meio que sem acreditar que era sábado e ele estava assim. O telefone não tinha tocado nenhuma vez.

Nem ia tocar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tão bonitinha (??/??/2008)

Minha segunda esposa casou comigo muito nova, pouco depois de eu ficar viúvo. Alguns amigos tiveram medo de que ela não estivesse pronta, ainda, e outros tentaram me convencer de que a diferença de idade seria um empecilho – mas destes logo me afastei, porque odeio gente antiquada e entendo que alguns moralismos não fazem sentido nem do ponto de vista científico nem do religioso. Um dia, eles verão.
No entanto, e isso é importante destacar, outros valores são a única forma de nos adequarmos à Palavra do Pai e ao Sacrifício do Filho, apesar de essa sociedade parecer não ligar ara isso, enquanto segue esse caminho de perversão – e perdição – infinitas. Mas não eu!
Eu sempre prezei – e prezo – pela moral e a ética e o respeito por esse tipo de coisa e principalmente pela Bíblia e o que fala o pastor. (Mas claro, não a ponto de deixar de casar de novo, porque, como disse, odeio ideias antiquadas e descabidas.) E por isso eu ensinei minha nova esposa (minha esposa nova, minha nova esposa) de acordo com princípios que podem parecer duros, mas que me valeram para provar que meus amigos (os alguns, não os outros) estavam errados.
Sim, porque não tinham se passado nem mesmo dois meses desde o casamento, e ela já estava igualzinha à outra, à falecida. Me obedecia quietinha, quietinha; me fazia os caprichos e cuidava da casa do mesmo jeito que a antiga; e olha que eu gosto de tudo bem arrumadinho! e ela se sentava já com a postura perfeita do lado da TV até eu cansar de assistir e ela nunca saía de casa, que nem a outra.
E foi até melhor do que eu esperava, porque precisou de só uma surra – se bem que bem dada – para parar de me contrariar na frente dos outros. E também, como minha antiga esposa, nunca perguntou praonde eu ia, quando eu saía, nem praonde eu fora, quando voltava.
Mas semelhança maior, mesmo, era à noite, na cama, quando ela se encolhia toda ao meu lado, tão bonitinha!, e chorava bem baixinho pra não me acordar.

Todas as histórias que ele escrevia eram iguais.

Um dia ele se ajoelhou na cadeira e olhou a chuva e quis morrer, de tanto que doía, mas ficou só ali, olhando a chuva e pensando que em algum lugar da noite ela talvez estivesse olhando de volta.
Mas isso foi um dia e agora ele estava ainda mais sozinho, porque sabia para onde ela olhava e sabia que ela olharia de volta, mas não estava chovendo e ele não estava na cadeira e ele tinha saudade de quando doía. Era estranho, isso, mas tudo o que ele queria era chorar.
Só que todas as histórias são autobiográficas e todas as histórias que ele escrevia eram iguais.