Eleanor era uma borboleta cor-de-rosa e laranja e de todas as cores, e ela voava e voava, mas ninguém a podia ver, exceto por Carolina. Carolina era uma borboleta, também, mas não como Eleanor, porque não voava, apenas balançava a cabeça para frente e para trás enquanto seguia Eleanor com os olhos fechados, ou abertos, porque tanto fazia.
Eleanor falou um dia para Carolina que não se preocupasse, porque um dia ambas voariam juntas e era só uma questão de tempo, mesmo. Carolina riu e disse É claro, tolinha, é claro que voaremos pra longe daqui!, e sorriu o sorriso mais lindo que se pode sorrir.
E como, sem querer, sua fala e seu sorriso escaparam do campo por onde Eleanor voava e chegaram até as enfermeiras, Carolina foi levada para o jardim. Uma das mulheres que a levava disse que era bom que ela ficasse sonhando, mesmo, que era melhor. Aí Carolina sorriu de novo, porque entendia tudo e o que ninguém sabia (só Eleanor) era que não demoraria muito até ela sair do seu casulo.
Uma semana depois, cuspiu, escondida, as pílulas da noite e, no dia seguinte, as enfermeiras não a encontraram sobre a cama: tinha voado para longe.
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