segunda-feira, 31 de maio de 2010

Golpista

É assim que eu faço. Pode parecer incrível, mas ainda hoje existem meninas por aí, somente bonitas o bastante para acreditar que elas, entre tantas, podem se dar bem. A ponto de levarem a sério esses caras gordos e suados que se apresentam como fotógrafos e oferecem fama, capas de revistas, vida de modelo.
Elas sabem que existem esses golpes, mas elas são só meninas e são bonitas -- somente o bastante para acreditar que, entre tantas, podem se dar bem. Aí elas ignoram os sinais. Elas pensam "e se, dessa vez, for pra valer?". Elas caem.
O tempo vai passar, mas onde quer que exista uma menina bonita o suficiente -- nem mais nem menos do que o necessário -- vai existir um tarado pronto para levá-la ao seu estúdio e tirar meia dúzia de fotos e dizer que, você sabe, ele está fazendo um investimento e o mundo do showbiz tem suas demandas e ele iria pondo sua mão nojenta cada vez mais pra cima da coxa dela.
Elas sabem que é assim, e sabem que, por serem tão bonitinhas, elas cairiam na conversa dele e teriam medo demais para qualquer coisa e, de qualquer forma, já seria tarde demais. E é por isso que meu negócio dá certo.
Pode ser em uma livraria, em uma loja de cds, em um supermercado, na frente do cinema. Eu vejo uma menina de dezesseis, talvez dezessete anos, um certo ar de superioridade, uma roupa de marca e eu percebo na hora que é o alvo perfeito. Eles também percebem. Então quando ele ainda está tirando o cartão do bolso ou talvez mostrando o suposto book de alguma outra cliente que ele teria levado ao estrelato, eu faço o que eu faço.
Eu chego, ponho a mão em volta da cintura da menina e digo "amor, vamos?". Nove em dez vezes isso é o bastante para elas saírem do transe e perceberem a merda que elas iam fazer. Elas até me agradecem. Sete em dez vezes, isso é o bastante para elas me deixarem pagar um jantar.
Eu posso ser um péssimo fotógrafo, mas ainda como mais adolescentes do que qualquer gordo suado.

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