Hoje eu estava, sei lá, no metrô e estava lendo e tinha essa menina do meu lado que estava lendo, também (o meu livro, por cima do meu ombro como que pra ver o que é ou provavelmente estranhando ele ser em inglês ou talvez se perguntando por quê eu estava lendo ou especificamente por quê eu estava lendo em inglês ou ainda por quê eu estava lendo em inglês e não olhando de volta pra ela, se ela era bonita e olhava pra mim e pro meu livro).
(E eu não estava olhando porque namoro ou porque estava lendo e nem percebi até a hora em que o trem parou na estação que eu ia descer e eu levantei e vi que ela via.)
E eu tive uma conversa depois e pensei enquanto andava na rua (ou eu estava vendo que dava pra ver o Cruzeiro, ou eu estava cantando qualquer coisa) e eu quis escrever assim:
“Ela estava olhando pra mim quando eu levantei e eu fui embora pra casa ou eu voltei sentei do lado dela e disse Oi, quer tomar um café ou uma cerveja, ou melhor ainda, eu disse Hi, I'm British (sem nem precisar ser muito bom com o sotaque), I'm kinda lost here, could you give me a hand?, ou melhor ainda ainda, Hi, I'm dutch, my english is not that good and I do not speak portuguese, but...”
, e assim por diante e o texto ia chamar Our Possible Presents, talvez porque estivesse tocando Pink Floyd no celular, talvez porque as coisas sejam assim, mesmo, infinitas não em passados (como na música) nem em futuros, mas em presentes, que só existem quando a gente conversa ou vê o Cruzeiro ou escreve.
Mas aí você me diz que não consegue mais, que não acredita mais, e que caralho, porra, escrever pra esquecer uma parte do vazio, assim como sorrir para esquecer uma parte do vazio, assim como olhar no chão para reinvindincarn um pouco do vazio de volta para ele. [É comum, pra ele, exagerar na grafia das palavras que titubeia: reivindicar, por exemplo, foi vítima d'um duplipensar [não] ("se escreve assim e se escreve assim"), então ele simplesmente exagera e coloca todos os n's que deveriam estar lá, e faz o mesmo com qualquer palavra que traga algum tipo de dificuldade, ainda que temporária. "Não" pode ser "NnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnñaO!", "muimto", "ágora" et caeoetera].
Bem. Sei lá.
Eu acredito em você.
(E eu não estava olhando porque namoro ou porque estava lendo e nem percebi até a hora em que o trem parou na estação que eu ia descer e eu levantei e vi que ela via.)
E eu tive uma conversa depois e pensei enquanto andava na rua (ou eu estava vendo que dava pra ver o Cruzeiro, ou eu estava cantando qualquer coisa) e eu quis escrever assim:
“Ela estava olhando pra mim quando eu levantei e eu fui embora pra casa ou eu voltei sentei do lado dela e disse Oi, quer tomar um café ou uma cerveja, ou melhor ainda, eu disse Hi, I'm British (sem nem precisar ser muito bom com o sotaque), I'm kinda lost here, could you give me a hand?, ou melhor ainda ainda, Hi, I'm dutch, my english is not that good and I do not speak portuguese, but...”
, e assim por diante e o texto ia chamar Our Possible Presents, talvez porque estivesse tocando Pink Floyd no celular, talvez porque as coisas sejam assim, mesmo, infinitas não em passados (como na música) nem em futuros, mas em presentes, que só existem quando a gente conversa ou vê o Cruzeiro ou escreve.
Mas aí você me diz que não consegue mais, que não acredita mais, e que caralho, porra, escrever pra esquecer uma parte do vazio, assim como sorrir para esquecer uma parte do vazio, assim como olhar no chão para reinvindincarn um pouco do vazio de volta para ele. [É comum, pra ele, exagerar na grafia das palavras que titubeia: reivindicar, por exemplo, foi vítima d'um duplipensar [não] ("se escreve assim e se escreve assim"), então ele simplesmente exagera e coloca todos os n's que deveriam estar lá, e faz o mesmo com qualquer palavra que traga algum tipo de dificuldade, ainda que temporária. "Não" pode ser "NnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnñaO!", "muimto", "ágora" et caeoetera].
Bem. Sei lá.
Eu acredito em você.
Um comentário:
Engraçado, me reconheço em muito daí.
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