Depois do almoço, como umas frutas. Um pêssego, uma pêra. Olho pra ela e me vejo: ter vinte e três anos é que nem uma pêra perfeitamente doce. É o sofrimento infinito de ver um filme excepcionalmente bom, é a dor inigualável do sujeito que recebe um Nobel. O problema não é que amanhã a pêra será menos boa, não é o medo de que a sequência decepcione, não é a falta que faz um objetivo que nos motive. É o gozo, mesmo, que dói, o gozo de saber que aquilo ali é uma pêra e é a melhor coisa do mundo.
Com 16 anos que era bom, era horrível o tempo inteiro. A gente (a gente sou eu, claro) se queimava, se jogava, a gente desejava um ônibus passando em cima da gente. A gente sonhava acordado e escrevia coisas idiotas (o leitor deve ser capaz de perceber nisso uma piada) e elas não eram idiotas porque estávamos de fato nos afogando naquilo tudo, nelas, neles, nos ônibus que não nos atropelavam, na ideia vaga e errada de que por toda a vida sofreríamos daquele jeito.
Quem choraria uma pêra?
Um comentário:
Sou eternamente sua fã número 1!
Postar um comentário