Ajeitamos
nossas coisas na casa de uma portuguesa que aceitou nos ceder dois
quartos. Ela explicou que o maior deles pertencia ao marido e o outro
ao filho, mas que não nos preocupássemos, porque nenhum dos dois
parecia prestes a voltar. De fato, os quartos pareciam estar vazios
há bastante tempo, dados o cheiro e as teias de aranha embaixo do
estrado da cama, mas eram bons quartos e nos acomodamos melhor do que
podíamos esperar.
No
dia seguinte --- e nos dez dias que o seguiram ---, acordamos cedo,
pegamos nosso equipamento e mergulhamos.
Ao
redor daquela ilha, havia peixes que eu nunca havia visto --- o que
não é dizer pouco. Os crustáceos também eram incomuns nos mares
brasileiros e chegamos a ver, a uma pequena distância uns dos
outros, crustáceos típicos dos mares do norte, como a lagosta
europeia, convivendo com cações comuns em nossos mares. Nos rios, a
mistura não era menos inusitada, com trutas dividindo o espaço, por
exemplo, com guaiamuns.
Eu
passava horas com Sílvia explorando aquelas águas e nunca
deixávamos de nos surpreender. Mas a cada noite, eu seguia sozinho
pelas ruas da ilha, e a cada caminho que explorava, percebia que,
pela primeira vez, estava mais curioso com o que havia acima do nível
do mar do que embaixo dele.
Um comentário:
"o bote salva-vidas de pedra"
Postar um comentário