Depois de vinte dias
na ilha, tínhamos um repertório fantástico. Havíamos fotografado
centenas de espécies marítimas, muitas delas nunca avistadas em
águas tropicais, e eu tinha certeza de que algumas, inclusive,
figuravam nas listas de animais extintos. Juntamos páginas e páginas
de anotações sobre o comportamento daqueles animais, apontando como
eles haviam adaptado seus hábitos alimentares a um clima estranho ou
como reagiam à coloração diferente das espécies de corais que
encontravam naquele mar etc. Era material suficiente para dezenas de
livros --- e certamente suficiente para a tese de doutorado de
Sílvia.
Mas eu tinha
coletado muito material, também, para meu outro projeto em
andamento.
Jantávamos sempre
juntos: comíamos ensopados de peixes, carangueijos e lagostas --- e
sempre em doses enormes como nossa fome, porque também isso o mar
nos dava e tirava. Mas quando regressávamos aos nossos quartos, eu
pedia licença, sempre, e saía sozinho para entender aquele lugar e
aquelas pessoas.
Um comentário:
O importante mesmo é pedir licença, sempre.
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