terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mar, 13


Depois de vinte dias na ilha, tínhamos um repertório fantástico. Havíamos fotografado centenas de espécies marítimas, muitas delas nunca avistadas em águas tropicais, e eu tinha certeza de que algumas, inclusive, figuravam nas listas de animais extintos. Juntamos páginas e páginas de anotações sobre o comportamento daqueles animais, apontando como eles haviam adaptado seus hábitos alimentares a um clima estranho ou como reagiam à coloração diferente das espécies de corais que encontravam naquele mar etc. Era material suficiente para dezenas de livros --- e certamente suficiente para a tese de doutorado de Sílvia.
Mas eu tinha coletado muito material, também, para meu outro projeto em andamento.
Jantávamos sempre juntos: comíamos ensopados de peixes, carangueijos e lagostas --- e sempre em doses enormes como nossa fome, porque também isso o mar nos dava e tirava. Mas quando regressávamos aos nossos quartos, eu pedia licença, sempre, e saía sozinho para entender aquele lugar e aquelas pessoas.

Um comentário:

hnrchcrnh disse...

O importante mesmo é pedir licença, sempre.