No meio do caminho tinha uma amoreira
e ir trabalhar era encher-me de amora
e o mundo era bom e havia ordem –
mas a prefeitura achou por bem a poda.
A amoreira lá ficou: ainda é viva
e ainda a vejo todo dia, mas agora
me esvazia, pois só onde não alcanço
seus galhos curtos ainda se enchem de
amora
E em casa, tanta fruta: tem banana
tem pêra, e até (quando tem feira)
tem ameixa – e as como, mas comê-las
é um ato de patética vileza:
como-as com a boca, mas minha mente
e meu coração estão com a amoreira
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