sábado, 27 de abril de 2013

Balada da amora que não como

No meio do caminho tinha uma amoreira
e ir trabalhar era encher-me de amora
e o mundo era bom e havia ordem –
mas a prefeitura achou por bem a poda.

A amoreira lá ficou: ainda é viva
e ainda a vejo todo dia, mas agora
me esvazia, pois só onde não alcanço
seus galhos curtos ainda se enchem de amora

E em casa, tanta fruta: tem banana
tem pêra, e até (quando tem feira)
tem ameixa – e as como, mas comê-las

é um ato de patética vileza:
como-as com a boca, mas minha mente
e meu coração estão com a amoreira

Nenhum comentário: