quarta-feira, 9 de março de 2011

Isso passa. São os hormônios, é essa fase da vida, não se preocupem. Passa. Desde sobrevivido à tentativa de suicídio aos 16 anos, Fernando cresceu às voltas com os problemas passageiros, as dificuldades de idade, a ânsia por algo de definitivo. O vestibular, com a dupla dificuldade escolhesforço, passou. A desistência do curso de medicina já no terceiro ano, a angústia antes de mudar de vez para a engenharia, o ter que convencer aos outros e a si, passaram. Passaram os anos mais difíceis, a casa vazia, a comida de delivery, passaram as horas extras, até.
O primeiro casamento, com a namorada que o fizera trocar de faculdade, passou. A infância do primeiro filho, o segundo e o terceiro apartamento, também, como passaram mulheres, amigos, as noites em claro por qualquer razão (até a lembrança desses problemas passou).
Um dia, acordou e tinha oitenta anos e sentiu o peito fraco e as pernas bambas. Foi a neta mais nova quem dirigiu para o hospital. É só uma crise, o doutor falou. Isso passa.
E passou.