Maria e Ike não foram casos excepcionais. Em cada canto da ilha, eu me deparava com uma história mais fantástica. Ouvi relatos sobre conquistas persas, batalhas contra feras marinhas, naufrágios. De repente, aquilo se tornou uma obsessão, como se eu fosse um colecionador de contos.
Em algum momento, Sílvia foi embora, me deixando para trás. Ela deve ter tentado me chamar --- eu realmente acredito que sim ---, mas, imerso naquelas histórias, eu não dei por isso. Era natural que fosse assim: aquela ilha não era o lugar dela, mas eu nunca poderia ir embora.
Com o tempo, virei mais um morador de lá. Criei uma rotina, construí uma casa para mim. Um dia, um jovem encostou um barco no píer, olhou assombrado para aquelas terras não mapeadas (o que teria acontecido com Sílvia?) e saiu fazendo perguntas. Eventualmente, ele veio até mim e me perguntou como eu havia ido parar ali.
E eu lhe contei sobre Anita e sobre o Dani, e eu lhe contei sobre a
solidão e sobre Sílvia. E enquanto ele me ouvia, incrédulo, eu lhe
contei sobre o mar.
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