sexta-feira, 17 de abril de 2009

Acaso, 1

Quando Fernando chegou à boate, a noite já ia avançada, porque ninguém gosta de ser o primeiro. Ele eram três, os dois amigos e ele, e portanto, três bohemias long neck a R$6,50 cada. Um guardanapo em volta da garrafa, tomando no gargalo e um deles saca um cigarro; era a caça. Nessa noite, Fernando conheceu Marcela e Pâmela e duas loiras, uma cujo nome não entendeu, outra cujo nome não perguntou, e conheceu também Laura, uma ruiva um tanto estranha, mas que parecia bom negócio, porque já eram mais de 4 horas e o dia ia acabando.
Chegou-se a ela pondo a garrafa (não a mesma) em cima do balcão e se assustou quando ela pegou a cerveja, tomou todo o resto de um gole, puxou-o pela gola da camisa e o levou para fora da casa noturna. Nunca tinha sido assim para ele, e ele seguiu, porque os amigos provavelmente fariam o mesmo. Pagaram as contas, cada um a sua, e riram juntos quando sentiram o vento da noite fria, em contraste com o calor esfumaçado de dentro.
Nessas situações, ele costumava... Costumava o quê? Nunca houvera outra situação como aquela, e ele demorou quase um minuto para se constranger porque a chave do carro não estava com ele. Ela riu e fez sinal para um táxi.
Fernando abriu a porta para ela, na tentativa de retomar o controle das coisas e entrou no carro já se inclinando para mais um beijo, mas quando foi fechar a porta atrás de si, viu que não podia. Uma pausa: não era nenhum impedimento moral que mantinha a porta aberta, mas a mão de Thiago, um dos dois amigos, que segurava a porta e indicava com a cabeça o terceiro deles, Felipe, que claramente tinha bebido demais. A Fernando, restou suspirar, terminar o beijo interrompido e sair do táxi com uma desculpa murmurada. Ele não pediu o telefone dela, nem ela o ofereceu.

Nenhum comentário: