Não
existe uma sensação que se compare ao balançar de uma escuna
atirando-se contra as ondas. É um gesto de bravura. Uma briga,
primeiro, contra a agitação do mar e então, na crista, a vitória
que se transforma em um salto, fazendo o casco flutuar por alguns
instantes antes de voltar a se chocar contra a água e então repetir
tudo outra vez. Exceto que não há repetição. Cada onda é nova,
cada salto é diferente. Existem pessoas que consideram o balanço
das pequenas embarcações nauseante, enquanto outras parecem ter
grande facilidade para dormir nestas condições, como se
chacoalhadas em um berço. Nenhum destes é o meu caso. Gosto é de
esticar o braço para fora e sentir meus dedos tocarem, às vezes, a
água salgada. Gosto de sentir meus ombros ardendo de sol e do vento
que os refresca. Gosto de olhar ao longe com toda a atenção, mesmo
quando me repreendem e dizem que não há nada lá. Porque há alguma
coisa, há milhares de coisas: há o mar e a promessa de que um
golfinho, um peixe-voador, uma tartaruga-verde ou uma revoada de
fragatas pode aparecer a qualquer momento.
Foram
essas as coisas que eu senti --- e não sono ou náuseas --- enquanto
íamos para a Ilha.
Um comentário:
macarrão sol&sal
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