Nos
primeiros anos, rodamos o mundo juntos. Fotografamos ruínas
submersas ao sul da Itália e navios naufragados na Nova Zelândia,
publicamos um artigo sobre a migração de sardinhas ao sul da Índia,
ajudamos uma equipe da National Geographic em uma expedição pelos
mares árticos e não desgrudamos um do outro por um minuto. Já
havia se tornado meu instinto apontar ansioso para qualquer espécime
que eu encontrasse em um mergulho, a fim de que Anita pudesse vê-lo
também, e já nem me assustava tanto ao sentir, de repente, algo
roçando minhas costas, tão acostumado fiquei com os carangueijos e
estrelas-do-mar que ela apanhava e punha, sorrateira, em cima de mim.
Quando
a pedi em casamento, o fiz debaixo da água em uma viagem a St. Malo,
porque não há lugar mais romântico que a França. Estava ajoelhado
a seis metros de profundidade e a via distorcida pela lente dos
óculos e pelas bolhas que minha respiração soltava. Eu lhe ofereci
a aliança, mas, ao invés me oferecer o dedo anelar, ela estendeu o
dedão: sinalizando que queria subir à superfície.
Lá,
retiramos a máscara e eu estava morrendo de medo. Ela me olhou e me
chamou de idiota.
"Eu...",
balbuciei.
"Como
eu vou falar que sim”, ela perguntou, “embaixo d'água?"
Dois
anos depois, veio o Dani.
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