De
repente, as coisas ficaram complicadas. O Daniel precisava ir para a
escola, precisava de uma casa definitiva e, acima de tudo, precisava
dos dois pais vivos. Uma criança simplesmente não combinava com
nosso estilo de vida. Ao mesmo tempo, eu também me apavorei. Agora,
se o mar viesse me cobrar o que lhe devia, eu teria muito a perder.
Então, chamei Anita para uma conversa e expliquei que, a partir de
então, as coisas tinham que mudar. A gente precisava se assentar.
Conseguir
um emprego na universidade não foi difícil. Tínhamos toneladas de
material publicado, indicações de biólogos do mundo todo e
conhecimento de sobra sobre a matéria. Dar aulas também foi mais
fácil do que eu havia previsto, já que os alunos disputavam a tapas
as vagas em minhas aulas e prestavam atenção a cada detalhe do que
eu dizia, perguntando sempre por detalhes de minhas viagens e das
coisas que eu havia visto. Não havia a emoção de explorar o
oceano, mas era um trabalho gratificante e eu era muito bom nele.
Para
Anita, porém, não foi tão fácil. Ela tinha igual prestígio entre
os alunos, mas não compartilhava do meu entusiasmo com a vida
acadêmica. Aborrecia-se com facilidade, perdia a paciência com os
alunos mais lentos e, ao chegar em casa, demonstrava um cansaço de
dar pena. Era carinhosa e preocupada comigo e com o Dani, mas não
era difícil notar que aquela vida não servia pra ela. Não levou
muito para eu perceber que acabaria por perdê-la.
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