Sentada
na madeira do pequeno cais, enrolada em todos os panos de sua saia, a
portuguesa parecia a própria imagem da tristeza. Foi a primeira
pessoa que vi, quando a lancha contornou a encosta sul da ilha e
desligou o motor, deixando-se deslizar preguiçosa até a praia. Uma semana já havia se passado desde aquele dia e a mulher parecia não ter se
movido desde então.
Sílvia
me explicou que chegara à ilha por acaso, enquanto acompanhava um
grupo de golfinhos de focinho de garrafa. A princípio, chegou a
pensar que o lugar não era nem mesmo habitado, até que encontrou
aquela mesma praia onde,
dias antes, descêramos da lancha.
Lá, surpreendeu-se ao encontrar um povoado com não menos que cinco mil pessoas. Havia
casas de madeiras construídas sobre a areia da praia, casas de pedra
nas encostas, casas de alvenaria ao redor da ruela principal e casas
improvisadas com a lata dos cascos de barcos.
As
pessoas que habitavam a ilha não eram menos variadas. Como a mulher
triste do cais, havia outras tantas portuguesas, mas também havia
holandeses, espanhois, ingleses, noruegueses, árabes (iranianos,
talvez?). Era uma babilônia em que se falavam todas as línguas, se
vestiam todas as roupas, se serviam todas as comidas.
Era
uma vila que, sob qualquer ótica, não fazia sentido.
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Paraíso das Marsopas
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